Projecto Social no Cambodja - Concurso ImpACTO 2016 com o patrocínio da MultiWay

Healthcare in Cambodia

A Inês Pinto e a Joana Pereira elaboraram um dos projectos vencedores do concurso ImpACTO 2016, promovido pela Associação Gap Year Portugal. Os vencedores teriam direito a apoios financeiros por parte de uma lista de empresas, denominada "Social Angels", das quais a MultiWay fez parte.

O projecto já decorre e a Inês e a Joana já se encontram no terreno a trabalhar. E são estas as primeiras palavras que nos escrevem:


"Boa tarde caríssimos Social Angels,

Antes de mais, queríamos pedir imensa desculpa por darmos notícias tão tardias mas as últimas semanas das nossas vidas têm sido um turbilhão, daqueles que valem muito a pena.


Durante todo o percurso do nosso projeto temos sentido muitas coisas diferentes, incluindo algumas dificuldades mas até ao momento temos muitas vitórias para compartilhar.

Fomos muito bem recebidas aqui em Siem Reap e, embora não tenha sido fácil conquistar a confiança das pessoas, neste momento estamos felizes por dizer que nos sentimos como se estivéssemos em casa!

Temos cada vez mais pessoas a assistir às nossas aulas, cada vez mais pessoas a utilizar aquilo que aprendem connosco e cada vez mais pessoas a pedir a nossa ajuda no que diz respeito a cuidados médicos.

Após uma semana de trabalho apercebemo-nos que a situação no que diz respeito a conhecimentos sobre cuidados básicos de saúde estava ainda pior do que aquilo que estávamos à espera e, por isso, decidimos alterar um pouco o nosso plano, como aumentar o número de visitas às aldeias e o tempo que despendemos a formar o staff das associações.


No que diz respeito às aulas, uma outra associação, que acolhe cerca de 40 crianças, pediu a nossa ajuda e por isso decidimos estender o número de aulas por semana, para que possamos também trabalhar com eles. E, visto que eles irão mudar de casa nos próximos tempos, cada um dos miúdos vai ter a sua própria rede mosquiteira.

As aulas com o staff estão a correr igualmente muito bem, eles têm-se mostrado muitos interessados e empenhados em aprender. Além disso, uma das enfermeiras que já não está na área há alguns anos e por isso está a ter formação connosco irá, num futuro próximo, criar a sua própria ONG para prestar cuidados médicos nas mesmas aldeias com que estamos a trabalhar, o que nos deixa muito orgulhosas e realizadas.

Outra das novidades é que fomos contactadas por uma pessoa que, ao tomar conhecimento do nosso projeto se apercebeu de tudo o que ainda há por fazer aqui, se mostrou interessada em ajudar e irá contribuir para que este projeto cresça ainda mais, junto da população de Siem Reap.

Tivemos algumas dificuldades no nosso contacto com a cruz vermelha, sendo que, por motivos internos, só nos responderam ao último e-mail quando já estávamos em Siem Reap. Desta forma foi-nos impossível trazer todo o material que tínhamos, incluindo os livros, mas a nossa prioridade quando regressarmos a Portugal será enviar os livros e o restante material para cá e já encontramos pessoas para os distribuir de forma a cumprirem o seu objetivo e serem úteis para a população, que já se encontra muito mais alerta para a sua saúde.

Como já estávamos à espera, a diferença na língua e cultura do país tem sido uma das nossas principais barreiras. No entanto, depois deste tempo cá, estamos orgulhosas de partilhar que já conseguimos comunicar o essencial! E quando não o conseguimos fazer, temos o staff que nos acompanha sempre que é uma preciosa ajuda nessa tarefa.
 


A medicina tradicional tem sido, sem dúvida, uma mais valia por aqui. Foi esta a maneira que encontramos de conseguir conjugar a cultura e as condições económicas da população, com os cuidados de saúde e temos tido óptimos resultados já que a adesão aos tratamentos é cada vez maior. É por aqui é muito importante que isto se verifique já que temos detetado uma grande incidência de doenças contagiosas.

A nossa ideia para a plataforma de telemedicina já está a ser testada. No entanto, e para já, temos sido nós a comunicar com alguns médicos nossos colegas, mas tem sido uma ajuda enorme e uma mais-valia nos casos mais complicados que nos vão aparecendo.

De todos os casos que vimos aqui, há dois que nos marcaram bastante e que gostávamos de partilhar convosco.

Na nossa segunda semana cá, numa das visitas às aldeias, encontrámos um menino de 7 anos com uma infecção fúngica no couro cabeludo que se estendia há mais de 8 meses. A mãe disse-nos que já tinha levado o filho ao hospital mas nada tinha sido feito para travar o progresso da doença e o menino apresentava-se muito prostrado e em grande sofrimento.

Recorremos ao contacto com os médicos em Portugal para confirmar o que podia ser feito, tivemos de procurar em quase todas as farmácias para encontrar os medicamentos adequados e hoje o menino está óptimo! O tratamento resultou! Brinca, salta, corre e faz questão de ir ter connosco cada vez que visitamos a aldeia dele, extremamente feliz porque o conseguimos ajudar!


O outro caso é muito mais complicado. Pediram-nos, esta última terça-feira, para ir a uma vila a cerca de 30 minutos do centro de Siem Reap para ver um homem de 30 anos que tinha tido um acidente de mota quatro dias antes. Após o acidente, ele deslocou-se a um hospital daqui, onde lhe fizeram uma sutura no pé que estava em muito mau estado. Mas a ferida nem sequer foi limpa, os pontos foram muito mal dados e não foi realizado qualquer tipo de curativo. Passados quatro dias, o pé estava com uma feridas abertas, com um edema acentuado e com a pele extremamente danificada. Após falarmos com um médico em Portugal, foi-nos dito que a única coisa que podia ser feita neste ponto era limpeza do pé e curativos todos os dias e esperar que o pé não tivesse de ser amputado. Isto porque o senhor vive em péssimas condições, o que aumenta exponencialmente a hipótese de infecções.

Neste momento, quatro dias depois do primeiro curativo, a recuperação começa a ser notória, temos conseguido evitar uma infecção e drenar bem as feridas e por isso estamos cheias de esperança que tudo irá correr pelo melhor.

A nossa intenção é levar a enfermeira que tem tido formação connosco para que ela possa aprender o que deve ser feito, já que um caso destes exige um tempo prolongado de atuação e poderá eventualmente ultrapassar a nossa estadia aqui.

Temos feito publicações na nossa página do facebook - Healthcare in Cambodia-, não com tantas fotos e vídeos como gostaríamos, mas tentamos manter sempre a privacidade das pessoas com quem trabalhamos, principalmente das crianças, sendo que na maior parte das associações é proibido tirar fotos e em alguns momentos abrem-nos excepções.

De uma forma geral temos tido uma grande adesão em todas as atividades e estamos, neste momento, a conseguir causar impacto na vida de cerca de 1300 pessoas!


Pedimos imensa desculpa por nos termos alongado tanto mas queríamos que ficassem a conhecer detalhadamente o que tem sido o Healthcare in Cambodia.

Queremos, mais uma vez, agradecer todo o vosso apoio e a confiança que depositaram em nós. Estamos disponíveis para qualquer tipo de esclarecimento que necessitem é muito agradecidas por esta oportunidade fantástica!"

Atenciosamente,
Inês Pinto e Joana Pereira
Healthcare in Cambodia

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