Projeto Social em Cabo Verde com o patrocínio da MultiWay - Parte I
A Diana e o Romeu, são estudantes de teatro e música e os criadores do Projeto Laboratórios Creativ: vencedor do concurso ImpACTO 2016, promovido pela GapYear Portugal e também com o patrocínio da MultiWay, e que tem como objetivo levar a arte e a cultura à comunidade Bravense (em Cabo Verde), nomeadamente a crianças e jovens que ainda não tiveram a oportunidade de explorar os seus potenciais e a idosos que na maior parte das vezes não tiveram incutidas nas suas vidas as artes e a cultura.
Fica aqui um pequeno balanço/testemunho das últimas semanas que estes dois jovens têm vivido junto das comunidades da Ilha Brava em Cabo Verde:
“…Temos tido alguns desafios pela frente, muitos dos quais até acabaram por enriquecer a nossa experiência. Apesar de todos serem super simpáticos e de os Bravenses serem pessoas muito afáveis, que se disponibilizam para ajudar em qualquer coisa (desde emprestarem-nos utensílios e aparelhos domésticos, convidarem-nos para comer com a família, mostram-nos a ilha, etc etc), sentimos que no geral existe alguma falta de responsabilidade nos compromissos que são feitos (obviamente que nem todas as pessoas são assim), o que por vezes dificulta o avanço do projeto. Um outro problema que encontrámos foi o da falta de pontualidade, em adultos e crianças. Nas primeiras vezes que trabalhámos com as crianças elas chegavam uma hora depois do acordado. No entanto, neste momento, arranjámos estratégias para os fazer ser pontuais e a maior parte deles já chegam 15 min antes da hora.
Uma outra pequenina dificuldade que temos tido tem a ver com a língua falada. Embora percebamos mais ou menos o crioulo, o desta ilha é bem mais difícil. As crianças falam maioritariamente crioulo, embora aprendam português na escola. Por essa razão, por vezes, no início demorávamos um pouco a perceber-nos mutuamente. Uma outra coisa que nos intrigou foi o facto de nos apercebermos que muito pouca gente quer fazer realmente alguma coisa pela ilha onde vivem. Grande parte das pessoas espera o visto para a América, outros são retornados da América e isso é um pouco triste. Ainda vivem o sonho americano.
Uma outra questão, de alguma preocupação, mas que, afetou pouco o trabalho que estamos a desenvolver, foi o facto de duas semanas atrás terem existido muitos micro-sismos em muito pouco tempo. Isso colocou a ilha em alerta laranja, com risco de erupção. Algumas zonas da ilha foram evacuadas e as pessoas foram trazidas para ficar a dormir nas escolas de Nova Sintra. Por essa razão, os laboratórios foram interrompidos por um dia, sendo que no outro levámos as nossas crianças e as que foram evacuadas para o estádio municipal, onde desenvolvemos atividades desportivas com eles, principalmente para os abstrair de toda a situação que estava a acontecer. Uma vez que a ilha tem muito poucos recursos, chamaram a proteção civil e alguns especialistas da Praia que estiveram a semana passada a viver na mesma casa que nós e analisaram toda a situação. Os evacuados já regressaram às suas casas e para já tudo parece normal - e os próprios geólogos disseram-nos que, em princípio o perigo já passou.
Relativamente ao projeto em si, tal como ficou definido, temos trabalhado com as crianças todos os dias. Em Portugal estamos habituados a trabalhar com miúdos mais irrequietos, e o facto de eles aqui serem muito mais "fechados" foi algo que nos surpreendeu. No entanto, isso valoriza ainda mais o trabalho que aqui viemos fazer, uma vez que assim sendo, eles necessitam ainda mais do teatro e da música para os ajudar a desenvolver capacidades que lhes permitam ser mais ativos e sociais.
Já tivemos o prazer de conhecer os idosos com quem vamos trabalhar, que são os idosos apoiados pela Cruz Vermelha. São maioritariamente doentes físicos (alguns mentais) e idosos retornados. Ao contrário das crianças no início, são quase todos muito animados e ansiosos por começar a aprender e trabalhar algo de novo, pelo que estamos ansiosos para começar o trabalho com eles. Com os idosos a questão da língua intensifica-se, uma vez que estes só falam mesmo um crioulo muito serrado. No entanto, como estamos a trabalhar com a Cruz Vermelha, temos uma senhora que nos vai acompanhar todo o tempo e ajudar na tradução.”
Para seguirem e apoiarem este Projeto acedam a:
Desbravando a Brava
Fica aqui um pequeno balanço/testemunho das últimas semanas que estes dois jovens têm vivido junto das comunidades da Ilha Brava em Cabo Verde:
“…Temos tido alguns desafios pela frente, muitos dos quais até acabaram por enriquecer a nossa experiência. Apesar de todos serem super simpáticos e de os Bravenses serem pessoas muito afáveis, que se disponibilizam para ajudar em qualquer coisa (desde emprestarem-nos utensílios e aparelhos domésticos, convidarem-nos para comer com a família, mostram-nos a ilha, etc etc), sentimos que no geral existe alguma falta de responsabilidade nos compromissos que são feitos (obviamente que nem todas as pessoas são assim), o que por vezes dificulta o avanço do projeto. Um outro problema que encontrámos foi o da falta de pontualidade, em adultos e crianças. Nas primeiras vezes que trabalhámos com as crianças elas chegavam uma hora depois do acordado. No entanto, neste momento, arranjámos estratégias para os fazer ser pontuais e a maior parte deles já chegam 15 min antes da hora.
Uma outra pequenina dificuldade que temos tido tem a ver com a língua falada. Embora percebamos mais ou menos o crioulo, o desta ilha é bem mais difícil. As crianças falam maioritariamente crioulo, embora aprendam português na escola. Por essa razão, por vezes, no início demorávamos um pouco a perceber-nos mutuamente. Uma outra coisa que nos intrigou foi o facto de nos apercebermos que muito pouca gente quer fazer realmente alguma coisa pela ilha onde vivem. Grande parte das pessoas espera o visto para a América, outros são retornados da América e isso é um pouco triste. Ainda vivem o sonho americano.
Uma outra questão, de alguma preocupação, mas que, afetou pouco o trabalho que estamos a desenvolver, foi o facto de duas semanas atrás terem existido muitos micro-sismos em muito pouco tempo. Isso colocou a ilha em alerta laranja, com risco de erupção. Algumas zonas da ilha foram evacuadas e as pessoas foram trazidas para ficar a dormir nas escolas de Nova Sintra. Por essa razão, os laboratórios foram interrompidos por um dia, sendo que no outro levámos as nossas crianças e as que foram evacuadas para o estádio municipal, onde desenvolvemos atividades desportivas com eles, principalmente para os abstrair de toda a situação que estava a acontecer. Uma vez que a ilha tem muito poucos recursos, chamaram a proteção civil e alguns especialistas da Praia que estiveram a semana passada a viver na mesma casa que nós e analisaram toda a situação. Os evacuados já regressaram às suas casas e para já tudo parece normal - e os próprios geólogos disseram-nos que, em princípio o perigo já passou.
Relativamente ao projeto em si, tal como ficou definido, temos trabalhado com as crianças todos os dias. Em Portugal estamos habituados a trabalhar com miúdos mais irrequietos, e o facto de eles aqui serem muito mais "fechados" foi algo que nos surpreendeu. No entanto, isso valoriza ainda mais o trabalho que aqui viemos fazer, uma vez que assim sendo, eles necessitam ainda mais do teatro e da música para os ajudar a desenvolver capacidades que lhes permitam ser mais ativos e sociais.
Já tivemos o prazer de conhecer os idosos com quem vamos trabalhar, que são os idosos apoiados pela Cruz Vermelha. São maioritariamente doentes físicos (alguns mentais) e idosos retornados. Ao contrário das crianças no início, são quase todos muito animados e ansiosos por começar a aprender e trabalhar algo de novo, pelo que estamos ansiosos para começar o trabalho com eles. Com os idosos a questão da língua intensifica-se, uma vez que estes só falam mesmo um crioulo muito serrado. No entanto, como estamos a trabalhar com a Cruz Vermelha, temos uma senhora que nos vai acompanhar todo o tempo e ajudar na tradução.”
Para seguirem e apoiarem este Projeto acedam a:
Desbravando a Brava
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