"Ser estudante de intercâmbio abre os olhos para o mundo" - O Miguel no Connecticut

Hoje recordamos o testemunho do Miguel sobre o seu Ano Académico nos Estados Unidos em 2015/2016. Este testemunho foi escrito em Fevereiro, enquanto decorria o programa e a cerca de 3 meses de regressar.

No final ainda podem ver um vídeo onde o Miguel, antes da partida, nos dizia o que esperava do programa!

"Olá! Tenho 17 anos e decidi tornar-­me um aluno de intercâmbio no meu 12º ano de ensino. Estou em Milford, Connecticut, ­ uma cidade que se situa a cerca de duas horas de Nova Iorque. Estou cá desde Setembro e até agora a minha aventura tem sido fantástica. Nestes últimos 5 meses, tive a oportunidade de viver com uma excelente família de acolhimento e poder experienciar aquilo que é realmente a sociedade americana. Existem várias diferenças sobre as quais poderia falar, e uma das mais impactantes para estudantes de intercâmbio envolve toda a experiência escolar. Estar num high school americano é bastante diferente de frequentar uma escola secundária portuguesa. Em primeiro lugar, visto que o sistema de ensino é diferente, tenho tido a oportunidade de ter aulas bastante diferentes da área que escolhi seguir em Portugal (que foi ciências), e com alunos de diferentes anos, misturas que não acontecem no nosso país mas que são bastante frequentes nos Estados Unidos. Para além disso, ser um estudante de intercâmbio, aqui permitiu­-me experimentar todo o ambiente extra-curricular que toma grande importância na sociedade americana e na qual muitos alunos acabam por formar grandes amizades, já que é uma oportunidade para partilhar experiências com o resto da comunidade escolar fora da atmosfera académica.


Ser finalista nos Estados Unidos deu-­me a oportunidade de fazer parte do processo de candidatura ao ensino superior. Todo o percurso de um aluno desde o 9º (freshman year) ao 12º ano (senior year) assume extrema importância, pois acaba por definir o futuro de um aluno que pretenda prosseguir os seus estudos após o secundário. Ao contrário do nosso sistema nos quais os alunos escolhem as universidades, onde qualquer aluno com média suficiente é colocado na sua universidade de escolha em Portugal, o sistema americano funciona de forma tal que são as universidades que escolhem os alunos. Quem tiver a intenção de frequentar uma universidade americana tem de se candidatar, e depois o pessoal de admissões da respetiva escola seleciona os candidatos que considerar mais adequado aos padrões da escola. Assim sendo, as universidades americana valorizam não só o currículo académico de um aluno, mas também todas as atividades extracurriculares com as quais o estudante tenha complementado a sua vida nos seus quatro anos de high school. Como tal, os principais pilares da vida escolar não académica aos quais a sociedade americana, incluindo as universidades, dão maior valor são, sem qualquer dúvida, o desporto escolar e os clubes. O desporto escolar (ao qual, na minha opinião, não é dado suficiente ênfase em Portugal) acaba por ser um dos maiores factores de união e coesão entre alunos nesta sociedade tão diversificada. A rivalidade entre escolas e a vontade de vencer, leva os estudantes a defender a sua escola com níveis de paixão que nunca vi antes em alunos em relação ao seu local de educação. Tanto os atletas como os que os suportam/carregam o emblema da escola com orgulho, e sentir-­se parte de um todo é bastante enriquecedor.

Os diferentes desportos distribuem-­se por três épocas (Outono, Inverno, e Primavera), o que dá aos alunos a oportunidade de praticar até três desportos por ano letivo. No meu caso, cheguei aos Estados Unidos uma semana após a época de Outono ter começado e, como tal, não pude participar em nenhuma atividade desportiva durante os primeiros três meses da minha estadia. No entanto, entrei para a equipa de natação competitiva no início da época de Inverno (que já está quase a acabar), e tem sido bastante positivo. Treinamos duas horas de segunda a sexta, nadando uma média de 4 quilómetros diários, e competimos contra outra escola semanalmente. Fazer parte de uma equipa tem sido bastante positivo, especialmente devido a toda a camaradagem que o desporto envolve.


Em relação a clubes, inscrevi­-me em tantos quantos consegui, de modo a desfrutar o máximo dos meus 10 meses cá (nem acredito que já vou a meio). Na área das ciências, integro o Science Club, a STEM Team (Science, Technology, Engineering, and Mathematics) e sou o sargento de armas da TSA (Technology Student Association), clubes que me permitiram ir a eventos a nível nacional, tais como as Olimpíadas da Ciência na Universidade de Yale. Faço ainda parte do Model UN Club, focado em simular conferências da Nações Unidas, assim como debater temas correntes, como a crise de refugiados na Síria ou o Estado Islâmico (clube através do qual já tive a oportunidade de participar numa conferência internacional em Yale e falar português com um grupo de estudantes brasileiros que lá foram). Finalmente, faço voluntariado através do Interact Club e do Key Club, de forma a melhorar a escola e comunidade.

Estando a candidatar­-me à universidades aqui nos Estados Unidos, ter uma vida escolar tão preenchida tem me ajudado bastante. Para além disso, tudo o que tenho feito aqui tem contribuído enormemente para o meu crescimento pessoal em maturidade, responsabilidade, e acumulação de experiências. Para concluir, tenho de admitir que este tem sido, até agora, dos melhores (senão o melhor) anos da minha vida e que, qualquer aluno que tenha a oportunidade de o fazer, deve
embarcar numa experiência assim. Ser estudante de intercâmbio abre os olhos para o mundo."

Antes da partida falamos com o Miguel para saber o que é que ele esperava do Programa e parece que as expectativas foram correspondidas!


Comentários